"A Última Flor do Lácio"

A língua portuguesa é uma língua românica, flexiva que originou-se no que atualmente é a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mim anos. Tem um substrato Céltico/Lusitano resultante da língua nativa dos povos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da península Ibérica (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios). O idioma espalhou-se pelo mundo nos século XV e XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial (de 1415 à aproximadamente 1999) que estendeu-se do Brasil, na América, a Goa, na Ásia (Índia, Macau na China e Timor-Leste).



"A Última Flor do Lácio" (Olavo Bilac, célebre poeta brasileiro e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.)



Um pedido que, humildemente, faço a todas as pessoas que têm a língua portuguesa como língua pátria é que valorizem tal idioma e procurem usar o máximo possível dele, na escrita e na comunicação. A língua portuguesa é bela e encantadora; é um dever cívico valorizar o idioma pátrio.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Narrador

"A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa do superficialismo."
(Clarice Lispector)


O narrador é um dos principais elementos da narrativa. Sem ele a história se perderia, ou melhor, não existiria. Você, o Senhor ou a Senhora já sabem, creio eu, que podemos ter dois tipos de narrador: em 1ª e em 3ª pessoa.

Narrador em 1ª Pessoa

Quando o narrador assume a 1ª pessoa, torna-se participante da ação e relata os fatos a partir de sua ótica. São suas impressões pessoais a respeito do fato narrado que predominam. Há, portanto, um enfoque subjetivo.

O narrador em 1ª pessoa não precisa ser necessariamente a personagem principal, pode ser uma secundária. Observe, no segmento a seguir (construído pela escritora Lya Luftt), o uso dos verbos e de pronomes em 1ª pessoa, característico desse tipo de narrador:

                Encolho-me sobre a colcha, ajeito o travesseiro nas costas, contra o metal frio da cabeceira; apóio os braços nos joelhos, e o queixo em cima dos braços.
                                        
                                            Luftt, Lya. Exílio. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.

Narrador em 3ª  Pessoa

O narrador em 3ª pessoa mantém uma postura privilegiada, pois, como observador dos fatos, tem conhecimento de toda a história: pode ver tudo e todos. Por essa característica, ele é chamado de onisciente (que tudo sabe) e de onipresente (que está em toda parte).

Às vezes, o narrador em 3ª pessoa limita-se apenas a observar objetivamente os acontecimentos; outras vezes emite opiniões, julgamentos a respeito dos fatos e das personagens. Esse tipo de narrador utiliza verbos e pronomes na 3ª pessoa. Veja o exemplo:

              Ana chorou. Seus olhos ficaram secos e ela estava até alegre, porque sabia que a mãe tinha deixado de ser escrava. Podia haver outra vida depois da morte, mas também podia não haver. Se houvesse, estava certa de que dona Henriqueta iria para o céu; se não houvesse, tudo ainda estava bem, porque sua mãe ia descansar para sempre.

                                                   VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento. O Continente I. São Paulo, Globo, 1990.

Dessa forma, podemos ter dois focos narrativos: 1ª pessoa (narrador participante) e em 3ª pessoa (narrador onisciente). O foco narrativo é definido pela posição do narrador diante da história que constrói. Uma posição ao mesmo tempo técnica e ideológica - ou participa da narrativa em 1ª pessoa, conferindo-lhe um tom subjetivo, ou escreve em 3ª pessoa, manifestando uma visão imparcial dos fatos. A escolha do foco narrativo é essencial para a dinâmica da história. Por exemplo, uma traição amorosa poderá ter no mínimo quatro versões, dependendo do tipo de foco do narrador: a do traidor, a do traído, a do amante e a do narrador onisciente. 

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